Clássico e distópico, Admirável Mundo Novo conta a historia de uma sociedade pós fordista que prioriza a praticidade, a quantidade ao invés da qualidade, a funcionalidade e velocidade. Pode ser muito bem expressa pela modernidade líquida de Zygmunt Bauman. Sociedade do macarrão instantâneo que busca o prazer momentâneo através de drogas (no livro denominadas "soma") e sexo (promiscuidade); e a nunca vida vivida de forma natural: Esconde-esconde de sentimentos. Escolhem não sentir nada por nada e ninguém.
Dentro das páginas se vive um mundo admirável cuja ordem reina. Vale ressaltar que o lema do Estado Mundial é "comunidade - a população é dividida em castas, que ia da mais ignorante e serviçal até os mais inteligentes que eram servidos pelas classes menores - identidade e estabilidade - que fica evidente, ao saber que são 'anti-mudanças'"
Quando se fala "Estado Mundial" fica claro que o autoritarismo e o totalitarismo são os alicerces que sustentam essa ordem.
Aldous Huxley, nessa obra nem tão fictícia assim, nos faz refletir sobre o rumo que a sociedade moderna está tomando. Onde fica a linha tênue que separa a facilidade da verdadeira vida bem vivida? Quando as relações pessoais/emocionais deixaram de ser essenciais? O homem será de fato substituído pela máquina ou o homem se tornará a própria máquina?
A leitura é confusa, de modo que o autor mistura diálogos de tempos e personagens diferentes, além de termos que só são explicados no decorrer do livro. O início da historia não nos incentiva a continuá-la. No 2º capítulo, bebês são eletrocutados e isso deixa a impressão de terror no leitor. Por isso, tive que parar por um tempo para assimilar tudo, porque o medo de viver (e estar vivendo) em um mundo como o que está sendo descrito é real e agonizante.
Apesar disso, a leitura realmente muda a nossa vida no decorrer e no final da mesma. É um livro clássico que merece ser lido não uma, mas quantas vezes forem necessárias para prestarmos atenção no caminho que estamos traçando para o futuro.
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